quarta-feira, 1 de abril de 2009

Origens do cão doméstico

As origens do cão doméstico permanecem um mistério já que não podemos fazer muito mais que simples especulações, sendo que estas remetem a dezenas de milhares de anos atrás. A teoria mais aceite pela comunidade científica diz que os cães domésticos terão surgido há 100.000 anos pela domesticação do lobo cinzento asiático. Este facto é de tal forma aceite, que a designação científica para o cão (canis lupus familiaris) é uma sub-espécie do lobo (canis lupus). Estes, pela oferta de alimento que seria proporcionada pela proximidade aos humanos, ter-se-ão aproximado cada vez mais dos acampamentos. Por outro lado, também os caçadores colectores terão visto utilidade nestes canídeos já que devem ter alarmado para a presença de animais potencialmente perigosos nas redondezas. Como resultado dessa proximidade, os humanos terão provavelmente recolhido algumas crias e tomado conta destas até se tornarem adultos. Chegado este momento, os caçadores devem ter afastado os animais mais atrevidos e instáveis deixando apenas os mais dóceis e obedientes acasalar, tendo, por selecção artificial, criado aos poucos e poucos o que hoje conhecemos por Canis lupus familiaris ou cão doméstico. Outra vantagem importante que o cão como amigo do Homem terá proporcionado, e que passa mais ou menos ao lado de cada um de nós, é o facto deste, ao ter-nos protegido e auxiliado, quer na busca de comida, quer ajudando-nos no transporte de diversos materiais, ter-nos-á libertado destas mesmas tarefas tendo-nos deixado tempo livre que foi aproveitado a desenvolver as nossas capacidades cognitivas, nomeadamente a fala. Assim, devido a esta interacção homem-cão, e devido às inúmeras qualidades deste novo companheiro, o Homem nunca mais o pôs de lado como a história relata, tendo-se tornado no seu melhor amigo.
No antigo Egipto o cão era mumificado como representação da Deusa Neith, esposa de Rá e que era considerada como sendo senhora da guerra e da caça, embora pareça ter sido inicialmente considerada como Deusa da sabedoria. Durante o Império Romano já eram visíveis as diferenças de estatura entre as diferentes raças, e as suas utilidades eram já diferenciadas, embora fossem essencialmente usados como guardas, sendo que em certas habitações era possível ler-se “cave canem” que significa cuidado com o cachorro. Já durante a Idade Média, o cão manteve o seu lugar junto do Homem, sendo a sua proximidade bastante evidente já que é comum vê-los em insígnias, brasões e mesmo na heráldica.Assim, ao longo dos tempos, os seres humanos ao terem seleccionado os cães pelas suas características, quer físicas quer temperamentais, nomeadamente, o seu porte, tipo de pêlo, capacidade atlética, afinidade para com os humanos e humor, foram criando sucessivamente novas sub-espécies que se viriam a tornar muito mais específicas e individualizadas no decorrer dos anos chegando hoje o número de raças de cães às 400.

Text by Ricardo Silva

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